A escalação da atriz Bella Campos para o remake da novela “Vale Tudo”, da Rede Globo, gerou polêmica e levou a autora Manuela Dias a se manifestar sobre o assunto. A escolha de Bella, que é branca, para interpretar a personagem Raquel, originalmente vivida por Regina Duarte na versão de 1988, foi criticada por parte do público e de especialistas, que apontaram a falta de representatividade negra no papel. Em entrevista ao Observatório dos Famosos, Manuela Dias reconheceu a contradição e falou sobre os desafios de adaptar a história para os dias atuais.

“Entendo as críticas e as considero válidas. Estamos em um momento em que a representatividade precisa ser levada a sério, e eu, como autora, tenho a responsabilidade de refletir isso em meu trabalho”, afirmou Manuela. A autora explicou que a decisão de escalar Bella Campos foi tomada em conjunto com a direção e a produção da novela, mas admitiu que o debate sobre representatividade racial é essencial e deve ser ampliado. “A Raquel de 1988 é uma personagem icônica, mas precisamos pensar em como ela se encaixa no contexto de 2025”, disse.

A personagem Raquel é uma das mais marcantes da teledramaturgia brasileira. Na versão original, escrita por Gilberto Braga e Aguinaldo Silva, ela era uma mulher ambiciosa e manipuladora, que usava sua beleza e inteligência para subir na vida. Na nova versão, Manuela Dias prometeu trazer nuances contemporâneas à trama, mas a escolha de Bella Campos para o papel reacendeu a discussão sobre a falta de oportunidades para atores negros em papéis de destaque.

Bella Campos, que já havia trabalhado com Manuela Dias em outras produções, como “Malhação” e “Segundo Sol”, foi defendida pela autora, que destacou o talento da atriz. “A Bella é uma profissional incrível e tem todas as condições de entregar uma grande atuação. Mas entendo que a discussão vai além disso e envolve questões estruturais da nossa sociedade”, afirmou Manuela.

A polêmica em torno da escalação de Bella Campos reflete um debate mais amplo sobre diversidade e representatividade na televisão brasileira. Nos últimos anos, a Globo tem tentado ampliar a presença de atores negros em seus elencos, mas críticos apontam que ainda há um longo caminho a percorrer. “Precisamos de mais personagens negros em papéis centrais, que não sejam estereotipados ou secundários”, comentou um especialista em representatividade na mídia.

Enquanto a discussão segue, a produção de “Vale Tudo” trabalha para finalizar os detalhes da novela, que promete ser uma das grandes apostas da Globo para 2025. Manuela Dias garantiu que a trama trará temas atuais e relevantes, mas reconheceu que o desafio de equilibrar tradição e modernidade é grande. “Quero honrar a história original, mas também trazer uma reflexão sobre o mundo em que vivemos hoje”, concluiu.

A estreia de “Vale Tudo” está prevista para o segundo semestre de 2025, e a expectativa é que a novela reacenda o debate sobre representatividade e diversidade na teledramaturgia brasileira. Enquanto isso, a polêmica envolvendo Bella Campos e a personagem Raquel serve como um alerta para a necessidade de mudanças profundas na indústria do entretenimento.

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